O crédito habitação é um assunto que tem gerado preocupação entre muitas pessoas em Portugal, principalmente as que têm contratos de crédito, devido ao aumento das Euribors. De acordo com Banco de Portugal, a grande maioria dos créditos habitação no país é contratada com taxa de juro variável, ao contrário do que ocorre em muitos outros países europeus.
No entanto, com a recente subida das taxas Euribor nos últimos meses, as mensalidades dos créditos têm quase duplicado em média. Diante desse cenário, muitas pessoas já realizaram a mudança para a taxa fixa, enquanto outras ainda estão a considerar essa possibilidade. Neste artigo, explicamos os pormenores dessa transação, para ficar a perceber se vale a pena fazer essa alteração, fomos conversar com uma especialista em intermediação de crédito.
Taxa fixa e taxa variável: fique a perceber as diferenças
Primeiramente, vamos entender a diferença entre taxa fixa e taxa variável. A taxa fixa é justamente o que o nome sugere: uma taxa que se mantém constante ao longo do tempo, resultando em mensalidades iguais, independentemente das variações externas.
Por outro lado, a taxa variável está diretamente relacionada à Euribor. Portanto, a gestão financeira um pouco mais complexa, pois não é possível prever exatamente quanto será pago a cada ano. Agora, vamos analisar as vantagens da taxa fixa.
Vantagens da taxa fixa
Maior estabilidade nos custos mensais: uma das principais vantagens da taxa fixa é proporcionar maior estabilidade nos custos mensais, facilitando a gestão do orçamento familiar. Dessa forma, a taxa fixa se mostra mais atrativa quando se busca uma abordagem financeira menos estressante e mais tranquila.
Previsibilidade orçamental: nos países onde há uma política mais intensa de empréstimos com taxa fixa, a gestão orçamental é mais previsível, pois as variações das Euribors não afetam diretamente o valor pago pela casa.
Desvantagens da taxa fixa
Comissão para amortização antecipada: é importante mencionar uma desvantagem significativa com relação às regras e leis em Portugal para aqueles que desejam pagar antecipadamente o crédito habitação.
Na taxa fixa, a comissão para amortização antecipada é de 2%, o que representa uma desvantagem em relação à taxa variável, que possui uma comissão de apenas 0,5%. Portanto, se tiver o objetivo de quitar a casa antecipadamente, a taxa variável parece ser a mais adequada, mesmo que sujeita a variações no valor das prestações mensais.
Quando e como mudar a taxa contratada?
Há duas formas de alterar a modalidade da taxa eleita quando do fechamento do seu contrato de crédito habitação. Cada uma delas tem as próprias particularidades, regras, vantagens e desvantagens, conforme segue:
Negociação com a instituição financeira: por meio de contacto direto com o banco ou entidade com a qual possui um contrato, pode-se solicitar a revisão e mudança da taxa. No entanto, esse processo pode ser burocrático e nem sempre compensatório, a depender do tempo de contrato restante e da situação financeira do cliente. Além disso, não são todas as instituições financeiras que fazem essa conversão da taxa – da variável para a fixa.
Transferência de crédito para outra instituição: neste caso, pode-se transferir o crédito habitação para uma outra entidade financeira. Esta costuma ser a alternativa mais atrativa. Isso porque na transferência é possível escolher, entre os diversos bancos e instituições, aquele que apresenta as melhores condições de financiamento no momento da transferência.
Neste cenário, é muito importante consultar um profissional que tenha experiência em lidar com as várias instituições e avaliar aquela que mais se adapta à realidade e às necessidades do cliente.
É invulgar que a nova instituição cobre alguma taxa de transferência do crédito. No entanto, um intermediário de crédito experiente vai ter atenção a este fator, bem como aos outros custos relacionados ao empréstimo, além de ajudar na recolha de toda a documentação e leitura do contrato antes da assinatura.
Avaliar o cenário económico e explorar as opções do mercado
É natural questionar qual opção é mais econômica: a taxa fixa ou a taxa variável. No entanto, é difícil afirmar com certeza, uma vez que a taxa variável, por definição, exactamente isso: variável. Assim sendo, mesmo que a taxa fixa possa ser vantajosa no momento atual, não é possível prever o que acontecerá daqui a dois ou três anos.
O cliente precisa ter ciência de que nem sempre essa será a melhor opção. Se não tiver os cuidados necessários, a mensalidade pode ficar mais alta na taxa fixa do que na variável, pelo menos à partida. Por isso, é preciso de avaliar o cenário económico e perceber os rumos expectáveis para as taxas.
Variação das taxas
Atualmente, em junho de 2023, as Euribors estão próximas de 4%. Isso significa que quem possui um empréstimo com taxa variável pagará a Euribor mais o spread, que geralmente varia entre 0,8% e 1%.
Portanto, a taxa total de juro para um crédito habitação com taxa variável já se encontra em torno de 4,5% a 5%. Nesse contexto, se tivermos uma taxa fixa inferior a esse valor, especialmente inferior a 4%, parece ser uma escolha vantajosa.
Mais uma vez, ressaltamos que profissionais especializados, ao fazer essa análise, levam em consideração a comissão de amortização antecipada. Se o seu objetivo é pagar a casa antecipadamente, a taxa variável pode ser mais adequada. No entanto, se esse não for o caso, mudar para um crédito habitação com taxa fixa inferior a 4% pode ser uma opção interessante.
Avalie cuidadosamente a sua situação financeira e os seus objetivos pessoais antes de tomar a decisão. Lembre-se de procurar a orientação profissional para obter a melhor solução para as suas necessidades específicas. Para ficar a saber mais sobre a transferência de crédito e outras modalidades de financiamento, pode entrar em contacto connosco. Estamos sempre a pensar em si.