Compra de carros faz crédito ao consumo disparar em flecha

Novos empréstimos a famílias para fins diversos, incluindo a compra de automóvel, aumentaram 15% desde o início de 2015. Poupança cai. Banca reduziu custos mas ainda é menos eficiente que na Europa.

A concessão de crédito ao consumo cresceu 15% desde o início de 2015. O número é revelado no Relatório de Estabilidade Financeira do Banco de Portugal (BdP), que assinala que o aumento fica a dever-se, em larga medida, à compra de automóveis (que tinha caído a pique durante o período da troika).

O regulador realça ainda que esta evolução teve um contributo forte das instituições financeiras mais pequenas (que não pertencem ao chamado G8, o conjunto dos oito maiores bancos a operar em Portugal). Esses bancos de menor dimensão foram responsáveis por metade desse aumento dos novos empréstimos de crédito ao consumo.

A grande maioria dos novos devedores, sublinha a instituição liderada por Carlos Costa, são pessoas com pouca ou nenhuma dívida a bancos.

Este crescimento de 15% também encontra justificação no facto de, durante o período da troika, a concessão de crédito ter caído tanto que um aumento do valor absoluto, ainda que seja modesto, pode representar uma subida percentual expressiva.

O Banco de Portugal nota também uma subida – embora de menor dimensão – da concessão do crédito à habitação, mas sublinha que, de uma forma global, a tendência de amortização de dívida aos bancos por parte das famílias continua. Durante o período da troika, foi nos bens duradouros que as famílias mais cortaram, sendo agora de esperar alguma retoma desse tipo de consumo.

No lado das empresas, o BdP verifica que os bancos são agora mais exigentes na concessão de crédito: os empréstimos foram, em parte, reorientados para companhias com melhor perfil de risco. No relatório de estabilidade financeira, o regulador alerta ainda para a queda contínua da taxa de poupança das famílias, que já está nos 2% do PIB, o valor mais baixo desde 1999.

Banca cortou custos operacionais, mas continua abaixa da média europeia

O Banco de Portugal sublinha uma redução do número de balcões das instituições financeiras nacionais: no final de 2015 havia 54 dependências por cada 100 mil habitantes; um ano antes, eram 61. Ainda assim, o regulador destaca que na Europa, no mesmo período, a média caiu de 44 para 35, valores inferiores aos portugueses nos dois momentos.

O sistema bancário português continua, conclui o relatório, a ser menos eficiente que boa parte dos de outros países.

E debate-se com um problema que, sendo frequente na zona euro, assume particular importância em Portugal: o crédito mal-parado, que representa quase 14% do total. O BdP nada diz, no entanto, sobre o veículo que o governo quer criar para absorver esses créditos maus, aliviando os balanços dos bancos.

O regulador assinala ainda assim, e de forma positiva, as mexidas recentes na banca nacional: a entrada de novos acionistas no BCP, o plano de recapitalização da Caixa, a resolução do impasse acionista no BPI, e ainda a venda, prevista para breve, do Novo Banco.

Economia cresce pouco

O banco de Portugal repete neste relatório que o crescimento da economia portuguesa continua débil e sublinha as consequências da fraca temperatura do PIB: apesar da manutenção da queda das taxas de juro bancárias, há um aumento do custo de financiamento de mercado dos setores público e bancário que reflete debilidades estruturais, como o alto nível de endividamento público, ou a situação do sistema financeiro nacional, com elevados níveis de crédito em risco.

Carlos Costa alerta ainda que um agravamento da conjuntura económica pode reduzir a capacidade das empresas pagarem empréstimos aos bancos.

O Banco de Portugal aponta também riscos políticos para a economia e o setor financeiro globais, e por arrasto, para o nacional: o Brexit e as eleições nos EUA geraram incerteza nos mercados.

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